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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Ideologia e o capitalismo como fim da história

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Apesar da história nos ensinar que o mundo está em constante transformação, há um sentimento comum, em determinados estratos sociais, de que o mundo ou sempre foi assim ou para sempre permanecerá como está, talvez com uma variação aqui ou outra acolá. Mas isso não é porque as pessoas não saibam racionalmente que isso não seja verdade.

O indivíduo hoje se assemelha àquele do período romano. Se olharmos para a História da Filosofia, veremos que na época da Roma Imperial a Filosofia Política praticamente desapareceu, enquanto que os filósofos voltavam suas reflexões principalmente para a Filosofia Moral. Isso é, o que deveria ser mudado era o indivíduo, não o mundo. Havia uma sensação de impotência diante do império da mesma forma que muitas pessoas experimentam hoje. Basta darmos uma olhada nas prateleiras de livros mais vendidos para saber o que o homem médio anda lendo: livros para mudar a si mesmo.

E mesmo observando que impérios como o romano se desintegram, algumas pessoas ainda tem a sensação de que o mundo sempre será como está. Daí a afirmação precedente de que o problema não é saber olhar para a história e ver que tudo passa. A questão é essa sensação, esse sentimento de imobilização diante do mundo.

Se analisarmos atentamente a história, veremos que antes que elementos revolucionários surjam e questionem o status quo de determinado momento histórico, o mundo vigente até então parece sempre o melhor e o mais natural dos mundos.

Vamos ilustrar isso com um exemplo. A escravidão era vigente em nosso país até pouco mais de 150 anos atrás. Sua abolição é historicamente muito recente, e essa instituição se perpetuou por milênios na humanidade.

Para o homem de hoje pode ser absurdo imaginar uma cena em que um punhado de homens brancos armados fosse de navio a outro continente arrancar outros homens livres, à força, de sua terra natal para serem escravizados longe de suas casas. Parece absurdo para nós, mas havia uma justificação para isso. Sempre houve uma justificação. E esse tipo de justificação do status quo, do mundo como ele é, é chamado de "ideologia".

A ideologia é a forma com que as classes dominantes justificam o sistema vigente e o apresentam como o melhor e o mais natural dos mundos. E da mesma forma que sempre houve justificativas para a escravidão, há hoje justificativas para o modo de produção capitalista.

Os burgueses nos pedem para olhar para o reino animal e ver como é natural a concorrência, como um animal engole o outro, como os mais aptos sobrevivem e os mais fracos são exterminados. Isso é um exemplo de ideologia. Isso é justificativa do status quo, do mundo como ele é.

Ao inverter a dialética hegeliana de cabeça para baixo, Karl Marx demonstrou que são as relações materiais e concretas da vida material que determinam a forma de pensar de uma determinada sociedade. As idéias dominantes de uma época são sempre as idéias da classe dominante daquela época.

Se a verdade é imutável, e se a escravidão algum dia foi devidamente justificada, ela ainda o seria hoje. Isso mostra que aquilo que sustentou a escravidão e que sustenta o capitalismo não são verdades "eternas". Os argumentos só servem para tentar justificar a forma como o mundo já está organizado.

Se demos apenas o exemplo da instituição da escravidão, o leitor poderá varrer a história para ver por si só que sempre foi assim. O feudalismo, na Idade Média, é um outro exemplo, o qual tinha na Igreja sua principal âncora ideológica.

A ideologia burguesa diz que o trem da história chegou a uma estação chamada "capitalismo" e que essa é a estação final. Ela quer congelar a história. Mas ao contrário do que às vezes pode sugerir este sentimento de impotência e imobilização do homem contemporâneo diante do mundo, o capitalismo definitivamente não é o fim da história - não há nada que aponte para isso. A mais irrealizável de todas as utopias é achar que nada muda.

A ideologia e a dominação capitalista

O pensador alemão Karl Marx (1818-1883) afirmou que a ideologia dominante será aquela advinda da classe que domina a sociedade, ela representará, então, as ideias, a forma de pensar e explicar o mundo provenientes desta mesma classe. Essas afirmações encontramos na obra A Ideologia Alemã escrita em 1845-1846, “As ideias (...) da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes; isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante” (MARX, 1996: 72). E essas ideias possuem a característica de aparecerem para todos como universais e racionais “(...) cada nova classe que toma o lugar da que dominava antes dela é obrigada, para alcançar os fins a que se propõe, a apresentar seus interesses como sendo o interesse comum de todos os membros da sociedade, isto é, para expressar isso mesmo em termos ideais: é obrigada a emprestar às suas ideias a forma de universalidade, a apresentá-las como sendo as únicas racionais, as únicas universalmente válidas” (MARX, 1996: 74).


Para Marx, na sociedade capitalista a produção de objetos é a atividade essencial, pois é com ela que a divisão em classes e a exploração do trabalho ocorrem. Essa divisão impulsiona a classe dominante em manter o controle sobre o conjunto da sociedade. Na análise que Marx realiza sobre o capitalismo, que encontramos na obra O Capital, de 1867, há uma crítica à forma como essas relações entre patrões e empregados vão ocorrendo na sociedade. 
Quando compramos alguma coisa não nos importamos em saber em quais condições de trabalho e com qual salário aquele objeto foi produzido. Por exemplo, se você está com frio e tem que comprar uma blusa, vai se preocupar com a utilidade que ela terá para você. Não se preocupará com as condições de trabalho dos operários da indústria têxtil. 
A propaganda irá atuar sobre você e o consumo ocorrerá via esta ação misteriosa e mágica que revela somente a utilidade do produto. 
Isso ocorre com qualquer objeto produzido no capitalismo, pois todos eles podem ser igualados. Veja: se as horas gastas para produzir a sua blusa forem igualadas às horas para produzir um CD, eles vão ter o mesmo preço. É por isto que muitas vezes um CD custa o mesmo que uma lata de ervilha. Quanto menos tempo leva, dentro da jornada, para produzir um objeto, mais lucro tem o capitalista, que com uma determinada produção paga os gastos que tem com o trabalhador. Essa igualdade de horas trabalhadas vai equiparar as mercadorias e na hora do consumo só vai importar o preço das coisas. Este é o caráter mágico cheio de “argúcias teológicas” que Marx está indicando no seu texto que vamos citar a seguir: 
“A primeira vista, a mercadoria parece ser coisa trivial, imediatamente compreensível. Analisando-a, vê-se que ela é algo muito estranho, cheio de sutilezas metafísicas e argúcias teológicas. Como valor de uso, nada há de misterioso nela, quer a observemos sob o aspecto que se destina a satisfazer necessidades humanas, com suas propriedades, quer sob o ângulo de que só adquire essas propriedades em conseqüência do trabalho humano. É evidente que o ser humano, por sua atividade, modifica do modo que lhe é útil a forma dos elementos naturais. (...) A mercadoria é misteriosa simplesmente por encobrir as características sociais do próprio trabalho dos homens, apresentando-as como característica materiais e propriedades sociais inerentes aos produtos do trabalho”. (MARX, K., 1994: 82).
Nesta obra, O Capital, Marx, demonstra o Valor de todo e qualquer objeto que no capitalismo possui a forma de Mercadoria. Estes objetos vão possuir uma utilidade, que está localizada no consumo, e algo mais que está localizado na hora que a blusa, no caso do exemplo, for produzida. Analisar e desvendar o processo produtivo e a organização da sociedade foi a sua intenção.
Ao consumirmos somos influenciados pela necessidade e utilidade – básica ou supérflua – que temos de possuir determinado objeto. Em geral, não nos preocupamos em compreender o que ocorre com a realidade do trabalhador e seu modo de vida. Assim, o valor de uso, a utilidade possui uma força ao despertar a nossa atenção para o consumo.
Então a Mercadoria possui um VALOR DE USO que é a utilidade do produto, o que nos leva a consumi-lo para suprir essa necessidade. 
Já o que Marx chamou de VALOR é o processo de fabricação deste objeto (no caso do exemplo, a blusa), que tem um lugar determinado, na fábrica, quando durante a jornada de trabalho, ocorre o processo de exploração do trabalho no capitalismo. Vejamos, no exemplo a seguir:
Quando um(a) trabalhador(a) é contratado por uma determinada jornada de trabalho de 8 horas diárias, estamos considerando, que dentro desta jornada, existem três momentos:
  1. Uma primeira parcela em que com duas horas de atividade em que este trabalhador(a) executou a sua função, ele paga o seu salário.
  2. Uma outra parcela, de duas horas em que a sua atividade paga os custos da produção – matérias-prima, impostos, transporte do produto, a compra de novas máquinas.
  3. Uma terceira parcela de quatro horas em que este trabalhador continua produzindo e estes produtos são o lucro ou um valor a mais – MAIS-VALIA – que o proprietário da fábrica vai se apropriar. 
Esse processo configura o que Marx chamou de essência da sociedade, quando ocorre a produção de objetos, pois é neste momento que o trabalhador vai reproduzindo a sociedade ao aceitar as disposições legais do seu contrato de trabalho e se submete à jornada nele estipulada. Em outros momentos também ocorrem determinações sobre os indivíduos quando vão estabelecendo uma ação de conformidade frente à “dureza” que é o cotidiano da busca do emprego, de pagar as contas, de ser atendido pelo médico, de poder ir ao cinema, enfim, resolver as necessidades materiais – ter acesso à comida, à água potável, a um abrigo seguro, ao conhecimento, e as necessidades subjetivas - sentimentos, desejos, questionamentos, aspirações. 
E na hora em que vive este cotidiano, ele vai sendo sugado pela necessidade de garantir que as metas estabelecidas, no emprego sejam cumpridas: prazos, cotas, produtividade que estão na fábrica, na loja, no banco, na gráfica, no trabalho do cobrador e do motorista de ônibus. No campo a realidade não é diferente, há a exigência de melhor rentabilidade na colheita de tantos alqueires no dia, nas exigências de colher tantas toneladas de cana no dia, enfim. Prazos são estabelecidos e para garanti-los nós não pensamos muito, vamos fazendo, executando e obedecendo, sem questionar. 

Fonte: SEED

O conceito de ideologia na visão de um jovem...

O conceito de ideologia pode ser entendido em múltiplos sentidos, daí as várias interpretações positivas e negativas que foram escritas.

Há um sentido mais corriqueiro que liga ideologia a "falsa realidade" e engano. Sendo assim ela serviria para ocultar relações de dominação, subordinação, opressão. Marx, por exemplo interpretou a idéia jurídica de sujeito livre e trabalho livre como uma forma de ocultamento da realidade da opressão do trabalhador diante da desigualdade fundamental que residiria na questão da propriedade (principalmente dos meios de produção); o trabalhador não seria livre a começar por não haver garantia de igualdade de condições e oportunidade; destituídos (tendo como referência o processo de consolidação do sistema capitalista) de seus antigos vínculos societários, suas antigas relações de trabalho (nas quais possuia o domínio dos instrumentos de trabalho, assim como de seu horário de trabalho) é posto em relações fabris que disciplinam (carga horária e intensidade) o uso de sua força de trabalho.

Também se poderia incluir nessa primeira acepção a crítica de Durkheim ao senso comum e a necessidade de rompimento com ele para a formação de uma ciência. As idéias naturalizadas sobre as coisas não seriam de fato o que as coisas são, pois não se parte de uma postura investigativa, mas aquilo que se pensa que são. Sendo assim, abre-se espaço para falsas visões que contribuiriam para desigualdades e desequilibrios sociais.

Um outro sentido é o que aproxima ideologia de "projeto de sociedade". Seria um ideário colocado no plano político com fins a promover uma ação conjunta na luta contra uma situação de exploração, de desigualdade. Um projeto de sociedade, uma maneira de resolver os problemas sociais, que geralmente também está associada a legitimação de um grupo político. Mas pode ou não estar ligada instrumentalmente aos fins de um grupo político.

Um outro sentido é o de "visão de mundo", que seria um conjunto de idéias que uma pessoa elabora acerca do lugar em que vive.

Todos esses sentidos estão interligados. A ideologia pode ser positiva ou negativa, a depender do ponto de vista, mas ela é necessária e ineliminável, pois é parte do pensar sobre o mundo e formular projetos. Claro que o pensar racional e crítico, a busca de informações, o debate, deve ser mobilizado para formular uma base de crença mais consistente e evitar enganos. A ideologia no fundo é uma forma de tentar controlar o mundo a nossa volta e o futuro da nossa sociedade ou das nossas vidas, que é sempre incerto. O problema é quando a ideologia passa a se crer como o único sistema de crenças verdadeiro.

Gostaria de colocar ainda um ponto. Frisar que ideologia não está ligada necessariamente ao Estado, a presença do Estado no controle da sociedade. As ideologias circulam dentro e fora do Estado. Uma idéia desse tipo quase identifica a ideologia a um regime político mais estatal. (além do que, que nível de eficiência é esse do sistema capitalista? quando mais e mais, este é um dos sentidos da sua evolução, o homem passa a ser substituido pela máquina? e é um sistema no fundo gerido a partir da criação de desigualdade? Essa idéia é típica da acepção da ideologia como naturalização)

Uma boa leitura sobre o tema são os textos do filósofo político italiano Antonio Gramsci, que descreve bem o modo como as ideologias circulam na sociedade civil, envolvendo instituições como escolas, sindicatos, televisão, etc., que não são simplesmente aparelhos ideológicos de dominação do Estado sobre a vida dos sujeitos, mas são também espaços de luta entre visões divergentes. A sociedade civil seria um palco de lutas em prol da construção da hegemonia (convencimento, educação, inculcamento de uma ideologia) para a consolidação de um domínio político. Nesse sentido, o Estado também não seria um instrumento de dominação de classes, mas um lugar de lutas internas, de divergências.

Por fim, a ideologia é tão importante na sociedade capitalista (e creio que em qualquer sociedade) como veículo de formulação de projetos, de dominação política e também de naturalização das coisas (sendo tudo natural, não há porque exigir mudanças, acostuma-se, adapta-se a situação vigente).

Abraço

Capitalismo


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 
capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos; decisões sobre oferta, demanda, preço, distribuição e investimentos não são feitos pelo governo, os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas e os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas. É dominante no mundo ocidental desde o final do feudalismo.1 O termo capitalismo foi criado e utilizado por socialistas e anarquistas (Karl Marx, Proudhon, Sombart) no final do século XIX e no início do século XX, para identificar o sistema político-econômico existente na sociedade ocidental quando se referiam a ele em suas críticas, porém, o nome dado pelos idealizadores do sistema político-econômico ocidental, os britânicos John Locke e Adam Smith, dentre outros, já desde o início do século XIX, é liberalismo.2 3
Alguns definem o capitalismo como um sistema onde todos os meios de produção são de propriedade privada, outros o definem como um sistema onde apenas a "maioria" dos meios de produção está em mãos privadas, enquanto outro grupo se refere a esta última definição como uma economia mista com tendência para o capitalismo. A propriedade privada no capitalismo implica o direito de controlar a propriedade, incluindo a determinação de como ela é usada, quem a usa, seja para vender ou alugar, e o direito à renda gerada pela propriedade.4 O capitalismo também se refere ao processo de acumulação de capital. Não há consenso sobre a definição exata do capitalismo, nem como o termo deve ser utilizado como categoria analítica.5 Há, no entanto, pouca controvérsia que a propriedade privada dos meios de produção, criação de produtos ou serviços com fins lucrativos num mercado, e preços e salários, são elementos característicos do capitalismo.6 Há uma variedade de casos históricos em que o termo capitalismo é aplicado, variando no tempo, geografia, política e cultura.7
Economistas, economistas políticos e historiadores tomaram diferentes perspectivas sobre a análise do capitalismo. Economistas costumam enfatizar o grau de que o governo não tem controle sobre os mercados (laissez faire) e sobre os direitos de propriedade. A maioria8 9 dos economistas políticos enfatizam a propriedade privada, as relações de poder, o trabalho assalariado e as classes econômicas.10 Há um certo consenso de que o capitalismo incentiva o crescimento econômico,11 enquanto aprofunda diferenças significativas de renda e riqueza. O grau de liberdade dos mercados, bem como as regras que definem a propriedade privada, são uma questões da política e dos políticos, e muitos Estados que são denominados economias mistas.10
O capitalismo como um sistema intencional de uma economia mista desenvolvida de forma incremental a partir do século XVI na Europa,12 embora organizações proto-capitalistas já existissem no mundo antigo e os aspectos iniciais do capitalismo mercantil já tivessem florescido durante a Baixa Idade Média.131415 O capitalismo se tornou dominante no mundo ocidental depois da queda do feudalismo.15 O capitalismo gradualmente se espalhou pela Europa e, nos séculos XIX e XX, forneceu o principal meio de industrialização na maior parte do mundo.7 As variantes do capitalismo são: o anarco-capitalismo, o capitalismo corporativo, o capitalismo de compadrio, o capitalismo financeiro, o capitalismo laissez-faire, capitalismo tardio, o neo-capitalismo, o pós-capitalismo, o capitalismo de estado, o capitalismo monopolista de Estado e o tecnocapitalismo

Capitalismo


Origens do sistema capitalista, características, lucros e trabalho assalariado, neocolonialismo,
economia de mercado, globalização, economia, fases, história do capitalismo
comércio no final da Idade Média
Comércio no final da Idade Média 
Origens 
Encontramos a origem do sistema capitalista na passagem da Idade Média para a Idade Moderna. Com o renascimento urbano e comercial dos séculos XIII e XIV, surgiu na Europa uma nova classe social: a burguesia. Esta nova classe social buscava o lucro através de atividades comerciais.
 Neste contexto, surgem também os banqueiros e cambistas, cujos ganhos estavam relacionados ao dinheiro em circulação, numa economia que estava em pleno desenvolvimento. Historiadores e economistas identificam nesta burguesia, e também nos cambistas e banqueiros, ideais embrionários do sistema capitalista : lucro, acúmulo de riquezas, controle dos sistemas de produção e expansão dos negócios.
Primeira Fase: Capitalismo Comercial ou Pré-Capitalismo 
Este período estende-se do século XVI ao XVIII. Inicia-se com as Grandes Navegações e Expansões Marítimas Européias, fase em que a burguesia mercante começa a buscar riquezas em outras terras fora da Europa. Os comerciantes e a nobreza estavam a procura de ouro, prata, especiarias e matérias-primas não encontradas em solo europeu. Estes comerciantes, financiados por reis e nobres, ao chegarem à América, por exemplo, vão começar um ciclo de exploração, cujo objetivo principal era o enriquecimento e o acúmulo de capital. Neste contexto, podemos identificar as seguintes características capitalistas : busca do lucros, uso de mão-de-obra assalariada, moeda substituindo o sistema de trocas, relações bancárias, fortalecimento do poder da burguesia e desigualdades sociais.
Segunda Fase: Capitalismo Industrial 
No século XVIII, a Europa passa por uma mudança significativa no que se refere ao sistema de produção. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, fortalece o sistema capitalista e solidifica suas raízes na Europa e em outras regiões do mundo. A Revolução Industrial modificou o sistema de produção, pois colocou a máquina para fazer o trabalho que antes era realizado pelos artesãos. O dono da fábrica conseguiu, desta forma, aumentar sua margem de lucro, pois a produção acontecia com mais rapidez. Se por um lado esta mudança trouxe benefícios ( queda no preço das mercadorias), por outro a população perdeu muito. O desemprego, baixos salários, péssimas condições de trabalho, poluição do ar e rios e acidentes nas máquinas foram problemas enfrentados pelos trabalhadores deste período.
O lucro ficava com o empresário que pagava um salário baixo pela mão-de-obra dos operários. As indústrias, utilizando máquinas à vapor, espalharam-se rapidamente pelos quatro cantos da Europa. O capitalismo ganhava um novo formato. 
Muitos países europeus, no século XIX, começaram a incluir a Ásia e a África dentro deste sistema. Estes dois continentes foram explorados pelos europeus, dentro de um contexto conhecido como neocolonialismo. As populações destes continentes, foram dominadas a força e tiveram suas matérias-primas e riquezas exploradas pelos europeus. Eram também forçados a trabalharem em jazidas de minérios e a consumirem os produtos industrializados das fábricas européias.
Terceira Fase: Capitalismo Monopolista-Financeiro 
Iniciada no século XX, esta fase vai ter no sistema bancário, nas grandes corporações financeiras e no mercado globalizado as molas mestras de desenvolvimento. Podemos dizer que este período está em pleno funcionamento até os dias de hoje.
Grande parte dos lucros e do capital em circulação no mundo passa pelo sistema financeiro. A globalização permitiu as grandes corporações produzirem seus produtos em diversas partes do mundo, buscando a redução de custos. Estas empresas, dentro de uma economia de mercado, vendem estes produtos para vários países, mantendo um comércio ativo de grandes proporções. Os sistemas informatizados possibilitam a circulação e transferência de valores em tempo quase real. Apesar das indústrias e do comercio continuarem a lucrar muito dentro deste sistema, podemos dizer que os sistemas bancário e financeiro são aqueles que mais lucram e acumulam capitais dentro deste contexto econômico atual.
 

IDEOLOGIA DO CAPITALISMO



Prof.Dr.Silvio Gallo*

Juliana está indo de ônibus para o shopping. Como sempre, vai observando a paisagem pela janela, perdida em seus pensamentos. De repente, algo chama sua atenção: um outdoor novo e enorme, todo colorido... uma modelo alta, magra, loura, de olhos azuis posa com uma nova calça da grife "X". Juliana é morena, baixa e até um pouco gordinha, mas fica alucinada com a roupa mostrada no cartaz. Ela precisa comprar uma igual, nem que para isso tenha de fazer um crediário e comprometer seu salário por alguns meses. Já pensou o que suas amigas iriam pensar se a vissem dentro de uma calça como aquela, linda e deslumbrante como a modelo do outdoor? E os garotos, então?

Você já parou para prestar um pouco de atenção nas propagandas que bombardeiam nossos olhos e ouvidos a todo momento? Já pensou sobre as mensagens que nos são transmitidas pelos meios de comunicação: TV, rádio, jornais e revistas, outdoors?
Vamos ficar com apenas um exemplo por enquanto: a propaganda dos cigarros Free. O centro desses comerciais é a afirmação da individualidade e da liberdade: cada indivíduo é livre e deve afirmar-se por meio de sua criatividade, no entanto, sempre há algo em comum, que é preferência por aquela marca de cigarro. O mecanismo é o seguinte: se você fuma Free, você é um sujeito livre, criativo, autônomo; um dos comerciais mostra uma garota que se afirma livre e que não tentem tirar a liberdade dela, pois ela morde! "Cada um na sua, mas com alguma coisa em comum", esse é o slogan. Consumir essa marca de cigarro é afirmar sua independência e singularidade.
Continuemos com o exemplo das propagandas de cigarro. A marca Hollywood investe na afirmação do sucesso: os comerciais mostram jovens bonitos e sempre bem - sucedidos, induzindo-o a pensar que fumar aquele cigarro fará com que você seja também alguém bonito e bem - sucedido. Já a marca Carlton investe no slogan "um raro prazer"; os comerciais são sofisticados, mostram arte de vanguarda. Essa marca procura investir em pessoas que querem ser refinadas, que ouve, jazz e música clássica, que apreciam balé e arte contemporânea: se você se identifica com a imagem produzida, procurará consumir aquele produto.
O que fica bem evidente nos comerciais de cigarro é o fundamento do mecanismo de qualquer propaganda. Se sua função é vender um determinado produto, é necessário que você se convença da necessidade de consumi-lo. O convencimento do consumidor é a tarefa básica do marketing. Mas esse convencimento, na maioria das vezes, é feito com base em mentiras (talvez fosse menos pesado falar em criação de ilusões): não é verdade que você será mais livre fumando Free, ou terá mais sucesso fumando Hollywood, ou será mais sofisticado se sua "escolha" for o Carlton. De fato, o que mais provavelmente acontecerá é que você ganhará um belo câncer de pulmão com qualquer um deles! E as indústrias que os fabricam ganharão muito dinheiro...
A essa tentativa de convencer as pessoas por meio de um falseamento da realidade nós chamamos de ideologia.

O CONCEITO DE IDEOLOGIA.
A palavra ideologia foi criada no começo do século XIX para designar uma "teoria geral das idéias". Foi Karl Marx quem começou a fazer uso político dela quando escreveu um livro junto com Friedrich Engels intitulado A ideologia alemã. Nessa obra, eles mostram como, em toda sociedade dividida em classes, aquela classe que domina as demais faz tudo para não perder essa condição. Uma forma de manter-se no poder é usar a violência contra todos aqueles que forem contrários a ela. Mas a violência pode voltar-se também contra ela: a violência pode gerar a revolta do povo. É, então, muito mais fácil e mais eficiente dominar as pessoas pelo convencimento.
É aí que entra a ideologia: ela constituirá um corpo de idéias produzidas pela classe dominante que será disseminado por toda a população, de modo a convencer a todos de que aquela estrutura social é a melhor ou mesmo a única possível. Com o tempo, essas idéias se tornam as idéias de todos; em outras palavras, as idéias da classe dominante tornam-se as idéias dominantes na sociedade.
Essa classe que se encontra no poder vai fazer uso de todos os mecanismos possíveis e imagináveis para distribuir suas idéias para todas as pessoas, fazendo com que acreditem apenas nelas. Numa sociedade de dominação, essa é a função dos meios de comunicação, das escolas, das igrejas e das mais diversas instituições sociais. Onde houver pessoas reunidas, ou mesmo sozinhas, haverá uma forma de ideologia em ação.
A ideologia passa a dominar todos os nossos atos. Quando nos convencemos da verdade dessas idéias, passamos agir inconscientemente guiados por elas, ou seja, o corpo de idéias constituído atravessa nosso pensamento sem nos darmos conta e passamos a desejar o que o outro determina: quando compro um sabonete ou um creme dental, estou fazendo uma "escolha" que me foi determinada pela propaganda. Quando voto num candidato a prefeito, estou fazendo também uma "escolha" determinada pela propaganda pois, na democracia representativa, os discursos são construídos de forma ideológica para convencer o eleitor de que aquele candidato é o melhor. Não foi por acaso que o filósofo Herbert Marcuse afirmou que "na sociedade, os políticos também se vendem, como sabonetes".
Quando uma ideologia funciona de fato, ela se distribui por toda a sociedade, de forma a fazer com que cada indivíduo, em cada ato, reproduza aquelas idéias. O triunfo de uma ideologia acontece quando todo um grupo social está definitivamente convencido de sua verdade. Se todos estão convencidos, ninguém questiona, e a sociedade pode manter-se sempre da mesma maneira. De certo modo, o sucesso da ideologia está relacionado com o processo da alienação, que analisaremos no capítulo seguinte.

IDEOLOGIA: DESEJO, VONTADE, NECESSIDADE.
Mas o que faz com que o poder de convencimento da ideologia seja tão forte? Se ela é constituída por idéias que falseiam a realidade para que na sociedade tudo continue como está, por que as pessoas simplesmente não se revoltam contra ela?
É parece que a coisa não é assim tão simples. Se fosse, não estaríamos imersos em todo esse processo de dominação e submissão das pessoas.
Para tentar entender o processo de "funcionamento" da ideologia, voltemos à questão da propaganda. O que leva um sujeito a fumar Hollywood? Por que ele não se dá conta de que seu sucesso não depende do cigarro que ele fuma ou deixa de fumar?
É claro que todo indivíduo deseja ter sucesso na vida. Mas também é evidente que, numa sociedade de dominação e desigualdades, o sucesso não é possível para todos. Para que alguns possam ser muito bem - sucedidos, é necessário que muitos outros permaneçam na miséria. Se for alardeado pelos meios de comunicação que o sucesso não é possível para todos, certamente teremos uma boa dose de inconformismo social que pode levar até mesmo a violentas revoltas. A ideologia trata então de disseminar a idéia de que vivemos numa sociedade de oportunidades e de que o sucesso é possível, bastando que, para atingi-lo, cada indivíduo se esforce ao máximo. Em contrapartida, vemos milhões de pessoas vivendo na miséria...
Às vezes, alguém se esforça ao limite, mas nada de chegar ao sucesso . Ele permanece como um ideal, um sonho quase inatingível, mas do qual não abrimos mão, do qual jamais desistiremos. Quando esse indivíduo vê o belíssimo comercial do cigarro que estampa a imagem do sucesso, algo desperta, bem lá no íntimo de seu ser. Inconscientemente, ele associa a imagem do cigarro à imagem do sucesso, e renova suas forças na busca de obtê-lo. Fumar Hollywood é ser bem - sucedido, embora, na verdade, ele continue insatisfeito com seu trabalho, seu salário, com seu casamento...
Você já deve Ter conseguido perceber o que estamos tentando explicar: a ideologia funciona tão bem porque age atravessando e invadindo o íntimo das pessoas. E embora seja um corpo de idéias, não domina pela idéia, mas pelas necessidades criadas por essas idéias, pelos desejos que elas despertam. O discurso ideológico é aquele que consegue tocar nas vontades e ambições mais íntimas de cada indivíduo, dando-lhe a ilusão de sua realização. Alguém fuma Marlboro e tem a ilusão de sua realiza sua vontade de ter acesso a um outro mundo, a uma terra de liberdade, um pasto para cavalos , lugar de homem corajoso e forte que, com bravura, realiza-se no que faz; alguns passam a ver seu patrão como um ideal a ser alcançado, como alguém que gostaria de ser, imaginando que ele alcançou o sucesso, tem tudo o que quer e é feliz; alguém tem a vontade de tomar a vitamina Eletrizan para ter mais energia; alguém quase careca usa um xampu que lhe promete uma abundante cabeleira, e assim por diante.
Para sermos mais enfáticos, além de lidar com as necessidades e as vontades e de influenciar os desejos das pessoas, a propaganda produz outras necessidades e administra sua satisfação, de modo que cada um tenha uma ilusão de felicidade, uma ilusão de prazer e se acomode à situação vivida de sempre querer mais. O consumismo nada mais é do que a afirmação dessa realidade de realizar os desejos dos outros como se fossem nossos. Por que você sempre precisa usar uma roupa de grife? Ou cortar o cabelo de acordo com a moda? Enquanto você consome, suas vontades vão sendo realizadas, mas, ao mesmo tempo, novas necessidades vão sendo criadas, de forma que é praticamente impossível escapar dessa "roda viva". Enquanto você consome, não questiona a sociedade na qual vive nem que o leva a consumir tanto.
No âmbito da política, a ideologia aparece da mesma forma. Observe as propagandas em época de eleições. Elas sempre tocam nas necessidades básicas das pessoas. Os candidatos que saem vencedores nas eleições são sempre aqueles que melhor conseguirem tocar nos desejos dos eleitores, que conseguiram produzir neles a idéia de uma satisfação futura. Desse modo, nem sempre votamos nos candidatos que poderiam defender melhor nossos interesses sociais; na maioria das vezes, ao contrário, votamos naqueles que, de algum modo, prometem uma satisfação para nossos desejos.


*Coordenador do Curso de Filosofia da Unimep e do Gesef Institute

Ideologia - Musica Cazuza


Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Pra viver...

Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro
Em cima do muro...

Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver..
Ideologia!
Pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver...